Cem anos

Ando meio amargurada, meio velha. Nunca fui assim, me entristece... As coisas bonitas me irritam, os romances me cansam, os amores alheios incomodam. Não sei bem o que está me acontecendo...
Mesmo só, não sentia raiva. Admirava os casais nas ruas e suas demonstrações de afeto, ou então simplesmente passavam desapercebidos. Mas de uns tempos pra cá fiquei assim: rabugenta, amarga, meio morta.
Pra quem não está acostumada, dói ser ruim. Me sinto com cem anos nas costas...

Zero bala

Não quero nada disso tudo, meu deus! Sou uma contradição ambulante escrevendo mentiras a todo tempo -inclusive agora- e não dizendo nada com nada. Não quero nem deixo de querer, mas algo tem que falar mais alto, não?
Tudo que eu sei que quero é minha casa, minha terra, minha família. Quero sair, ir no Macondo, rever os amigos e fazer novos. Não sei o que quero e acho que não preciso pensar tanto agora...

Insensibilidade sensitiva

É confusa essa coisa que eu sinto... Sensação de sentir menos que nos livros, nas histórias contadas, nos filmes e ao mesmo tempo saber que sinto algo e que tampouco é pouco. Vai ver busco algo idealizado, sempre fui de idealizar...
A questão é que é tão envolvente ir pegando as manias ou certas expressões de outra pessoa, de certa pessoa, e se dar conta de que também é recíproco mesmo que um tanto ofuscado. É bom agir de acordo com a idade, ser adolescente, ficar sonhando e escrevendo, digitando bobagenzinhas e tentando profundamente controlar aquele sorrisinho incontrolável.
É bom, foi inesperado, surpreendeu. Não espero nada, ao mesmo tempo que sempre se espera algo. Só o que sei é que me faz bem.
Sinto saudade dos olhinhos, do cabelo, do queixo. Também da antipatia, sorriso e jeito. Além dos abraços, dos beijos e cheiros. Saudade é assim, sempre boba...
Me envergonha expor tudo isso assim, principalmente porque usando palavras eu sempre engrandeço qualquer sentimento.
Pois essa é a minha relação com a escrita, é como uma ilusão de ótica. De certo modo também sou responsável por toda a expectativa utópica a qual me frustra. Contraditório novamente, não?
Já não sinto nada...

Roma ao contrário

Como era mesmo aquela sensação? Me refiro ao sentimento. Já faz tanto tempo que nem sei mais ao certo do que falo, ou busco. Talvez tudo tudo não passe de outra das minhas utopias -são minha especialidade, afinal.
Sonhos...

Meu pranto interior

Sou simplesmente patética. Tola, boba, sonhadora. Não quero mais o amor, não quero o afeto, nada disso em mim. Quero endurecer feito pedra.
Não cheguei a contar as marcações do meu blog mas aposto que a palavra "amor" tem o maior número de postagens e isso me entristece. Principalmente porque amor é algo que nunca senti, acho eu.
Amor, amor, nem quero mais saber o que é isso. Quero que as paixões vão embora, sejam platônicas ou não. Quero ficar sozinha porque no fundo é assim que sempre acaba tudo. Tudo acaba em solidão. Nos relacionamentos, na tumba.
Quero chorar. Quero me derreter feito manteiga, me desmanchar feito açúcar, cair feito chuva. Preciso liberar o fato de não conseguir endurecer feito pedra, nem esfriar feito cadáver. Preciso chorar como Alice no País das Maravilhas, causar um dilúvio, uma enchente, formar um mar. Até não haver mais choro e o pranto cessar, as lágrimas secarem enquanto eu sigo ressecada.

Morbidez, como sempre.

Eu não via nada além do negrume da noite, misturado ao do mar e estrelas. Será que a morte é assim? Sentir-se completamente livre e só no meio de toda a galáxia? Sentir o universo te consumir com tamanho resplendor?

Trecho escrito durante minha viagem do Brasil pra Espanha

6 anos incompreendidos

As dúvidas voltaram, os sentimentos também. Tudo aquilo que já tinha sido dado por encerrado, superado, cicatrizado, compreendido ou simplesmente aceito voltou a tona. Confusão interior do antes, agora e do depois.
Será que fui eu? O meu jeito de encarar as coisas? O que será que foi...? Só sei que nada sei e nada saberei.
Já não sei o que quero e começo a duvidar do que achava que não queria. Não quero aqui nem lá e quero ambos. Não faço parte daqui mas tampouco 100% de lá. Quero tudo mas não quero nada. Quando vou achar o que procuro? Quando vou saber o que é, afinal?
De longe se vê que sou mais feliz no Brasil, mas por deus, que diabos estou sentindo? Que diabos estou pensando? Que diabos estou fazendo? Aqui, lá, quem diabos sou eu?