Enquanto eu respiro

Eu lembro de ti quando amarro os meus tênis, quando vejo Detona Ralph na TV, quando vejo minha Vanellope, quando vejo o quadro do meu quarto, quando vejo minha carteira sem a tua foto, quando penso em colocar a tua foto de volta e também sei que vou lembrar de ti de qualquer jeito, quando vejo minha câmera fotográfica e penso em colocar filme mesmo sabendo que sem ti não tem graça, quando vejo meu saco de balinhas compradas na Argentina e lembro de ti fuxicando querendo meus doces, quando minha mãe quer fazer pipoca e eu penso que comer de novo a pipoca manteiga de cinema sem ti vai ser como comer pipoca natural sem sal, quando vou na sessão de filmes no meu computador e vejo Submarine lá, quando eu vejo os nuggets no meu congelador, quando vejo os jogos que nunca mais vou jogar no meu desktop, quando acordo e sonhei contigo, quando acordo de novo e sonhei contigo, quando não tem mensagem tua no meu celular ou redes sociais, quando vou ver filme pra me distrair e isso me faz lembrar mais ainda, quando eu dormi no sofá vendo um filme que a gente queria ver juntos e foi tão solitário dormir sem o teu colo pra acordar, quando o dia tá bonito e mais quentinho e me lembra a época que a gente se conheceu, quando eu imagino o que possa ter acontecido naquela viagem, quando eu revivo trezentas vezes na minha cabeça o que houve naquela noite, quando eu evito pensar nos nossos bons momentos, quando eu adio me desmarcar das nossas fotos e cancelar o teu feed de notícias, quando eu ainda tenho esperanças de voltar mas não sei mais qual é a melhor solução, quando eu me dou conta de que tu é o único verdadeiro amor que eu já tive, quando eu racionalizo o amor que sinto, quando eu olho pro meu cotovelo roxo, quando eu evito usar o braço esquerdo de dor, quando eu fico triste ao saber que não precisava ser assim, quando eu lembro da tua paciência comigo em temas complicados, quando eu não consigo querer outra coisa além de ficar contigo pra sempre, quando eu marco compromissos pra tentar me distrair, quando eu saio sem rumo, quando fico sentada na praça dos bombeiros sozinha, quando fico em casa, quando vejo tuas roupas na minha casa, quando cheiro teu moletom tentando te sentir comigo mais uma vez, quando vejo Simpsons na TV, quando penso que a faculdade vai começar e eu nunca mais vou passar o intervalo contigo, quando eu não consigo dormir, quando tu não sai da minha cabeça, quando escuto músicas animadas pra tentar ficar pra cima e quando escuto músicas de amor pra ficar mal mesmo, quando vejo teus bilhetinhos no meu mural e espalhados por aí, quando lembro da aliança, quando vou tomar banho e o sabonete tá daquele jeito que eu odeio que tu deixe, quando vejo tua escova de dentes, quando vejo teu origami lá na sala, quando alguém fala qualquer coisa que me lembre a ti, quando vou comprar um caderno pra faculdade e vejo cadernos do Batman, quando vejo minha unha quebrada, quando vejo o convite de formatura escrito o teu nome, quando pensava em um futuro contigo mas nunca disse nada, quando eu gostaria de voltar no tempo e quando sei que tenho que seguir em frente.
Quando abro a gaveta dos óculos e vejo meus óculos de coração, quando vejo a janela do corredor do meu prédio, quando to zappeando a TV e vejo que tá passando date my mom ou a nova música do Naldo, quando eu falo algo que me lembra algo que eu costumava te falar, quando acho ter esquecido e em cinco segundos já volto a lembrar, quando no fundo no fundo eu não quero terminar...

DDD

Uma vez uma sábia mulher que minha mãe conheceu em Barcelona disse pra ela uma frase que logo minha mãe transmitiu pra mim. "'DDD', são essas são as fases que um brasileiro passa quando vai morar no exterior: deslumbramento, decepção e desencanto."

Foda-se a bondade, foda-se a santidade

Fico me sentindo mal por ser má, mas não sou obrigada a ser boa o tempo inteiro. Desejo o mal pra esse tipo de gente sim, mas pelo menos não sou o tipo de pessoa que fica soltando veneninho todos os dias, falando mal, conspirando, difamando e causando discórdia. Então pra quê a culpa? Fodam-se seus jumentos e vão pra puta que pariu pra ficar

Essa é pra você, wanna be mizerável!

Eu realmente espero que quem só mete o pau no Brasil e fica babando ovo pros outros países vá pro exterior e se foda de todos os jeitos mais sacanas possíveis. Desculpa, mas eu só desejo o pior mesmo.

41°23′20″N 02°09′32″E

Será que algum dia vou encontrar alguém que realmente entenda tudo aquilo que vivenciei e senti? Será que existe esse alguém que possa ser meu amigo pra relembrar coisas diferentes mas sentir a mesma dor? Sentir saudades, amor e ódio? Será que existe alguém com tanta contradição?
Desde que voltei sinto-me estúpida. Tenho uma experiência inacreditável que carrego comigo arraigada no meu ser e o melhor que consigo fazer com tudo isso é simplesmente guardar comigo. Por que? Porque ninguém consegue entender ou abandonar essa visão medíocre e colonizada, essa visão de inferioridade e de subdesenvolvimento. Ninguém quer entender, então pra quê dialogar? Pra quê tentar mudar um pensamento burro e estagnado? Tudo está em mim: roupas, pronunciação de palavras, termos, costumes, comportamentos, parte de uma cultura. E então eu me pergunto: como lidar com tudo isso do modo menos patológico possível? Como existir sabendo que durante toda a minha vida pouquíssimas pessoas terão passado pelo que passei e terão a visão que eu tenho desde tão cedo na vida? Como aguentar pessoas sem essa experiência, com visões burras e tagarelas, pessoas contanto vantagem e falando asneira por passarem férias em outros países, pessoas que passam uma curta temporada em outro lugar?
Antes ainda possuía alguma esperança de acrescentar algo para as outras pessoas que nunca experienciaram nada tão intenso quanto eu, mas era inútil e francamente não posso culpar ninguém por isso. Cada um tem suas experiências de acordo com o que lhe foi possível experienciar, e é extremamente difícil entender algo de que não se tem vivência, principalmente neste caso onde os valores são tão enraizados. É um problema meu comigo mesma e com a maneira que lido com isso e o restante da sociedade.
Hoje estou em crise, mas não "hoje", dia 30 de abril de 2013, é hoje nessa fase da minha vida. Atualmente não tenho tolerância, não tenho paciência nem bom humor. Estou estagnada numa posição que me obriga a aceitar a ignorância calada, com educação e com um sorriso no rosto. Me sinto vivendo em uma ditadura comigo mesma. Sou o ditador e a vítima, mas como é possível? Desde o dia 7 de setembro de 2006 passei a me sentir assim e é simplesmente angustiante. Viver na contradição, nos extremos, no dilema, na tormenta. Como é possível caber tanta dor adormecida e ao mesmo tempo latente em um ser humano? Como ser sadio? Como posso continuar tentando manter minha sanidade, pela segunda vez porém em outras circunstâncias? Como permanecer no lugar que amo e sempre quis estar, minha cidade, se essa é a mais nova causa e consequência do meu sofrimento? Como existir em um só lugar se eu pertenço a dois? Como existir com esse tipo de vazio? Como existir pertencendo e não sendo pertencida? Como existir Santa Maria também sendo Barcelona?

Como ser Natália, Natalia e Natàlia e continuar uma só?

Essa chuvinha dá um ar de melancolia, mas dessa vez boa. Dessa vez não me sinto desanimada, me sinto renovada.
Me traz vários questionamentos, expectativas, calma. A vida é tão mutável, nós somos tão mutáveis...