Loucuras

Tinha tentado vir escrever aqui antes, mas não encontrava nada que me desse um assunto em concreto. Não queria falar de nada, continuo não querendo.
Estou ficando chateada por vir aqui no blog só me queixar da vida ultimamente, não é que eu esteja morrendo de infelicidade e minha vida seja uma desgraça, é só que é onde eu posso liberar as minhas emoções ruins que tendo a guardar para mim.
Não sei porque voltei a pensar tanto outra vez. Minha cabeça não pára de pensar em coisas ruins do passado, em assuntos atuais que devo resolver ou simplesmente enfrentar, no futuro e em mim mesma. Estou cansada de pensar no que devo viver, no que devo ter em conta, em tudo... Não quero pensar, só quero viver e ir resolvendo as coisas sem pensar tanto. Penso em mim, na minha vida, minha situação, em mim em geral... E não sei o que pensar sobre tudo isso. Penso que pensar nessas coisas me incomodam e eu nem ao menos consigo resolver nada.
Não tenho certeza se estou aproveitando a minha vida como desejaria estar, sei que aproveito ela e sei que logo sinto saudades de tudo, mas eu gostaria de aproveitar as coisas de uma maneira mais positiva e feliz. Talvez eu seja algum tipo de masoquista sentimental. Quero parar de pensar, portanto vou parar de escrever e tratar de ocupar meu tempo. Quando me ver capaz de voltar a pensar voltarei a escrever.

Um simples obrigada

Vim aqui só para agradecer as pessoas que me deixaram comentarios na postagem anterior. Um obrigada por lerem e comentarem, mas principalmente por se preocuparem por mim. Por hoje é só, outra hora venho e escrevo algo. Até lá! Beijos

Agora ou nunca.

Esses dias tive um dia de sorte e hoje tive meu outro. Falei com a minha Iaiá pelo computador.
No primeiro dia foi quando ela estava na uti, ela estava consciente. Nenhuma de nós falou nada, só nos olhamos pela webcam. Eu mandava beijos e mais beijos, e ela levantava o braço como quem quisesse ultrapassar as barreiras da distância ou simplesmente acenar. Foi comovente e tranquilizante ao mesmo tempo.
Hoje ambas falamos, eu não conseguia entender o que ela dizia devido ao tubo que ela tinha na boca e ao esforço que ela fazia pra falar em português, e ela não entendia o que eu dizia porque era simplesmente demais para ela. Para mim bastava com ver e ouvir a voz dela que eu fiquei mais feliz que nunca, mas mesmo assim o pai estava ali facilitando as coisas e traduzindo tudo para o grego. Ah... Mais uns dois anos há 14 anos atras e eu saberia grego...
Não sei ao certo o que escrever, o que sentir ou o que fazer nesse momento. Estou feliz por ter falado com ela e ao mesmo tempo profundamente triste como só havia me sentido assim uma vez. É uma tristeza diferente das que já experimentei antes. É como a sensação de estar constantemente perdendo um pedacinho de algo importante para mim, é a sensação de estar perdendo uma parte do que eu sou. Não sei o que pensar e tampouco sei se quero realmente saber.
Não sei o que fazer, em geral. Não sei o que é pior e o que é melhor para os outros e para mim. Poderia me aprofundar e fazer uma lista de como seriam as coisas se eu ficasse ou se fosse, mas como não sei se quero pensar a respeito de mais coisas... Não sei o que faço aqui.
Se eu fosse eu poderia alimentar o meu pai, que anda a base de pizzas e lasanhas congeladas, poderia ficar acordada no hospital enquanto ele cochila, poderia ver a minha vó de perto e dar uma alegria, ao menos que por um momento, para ela. Mas ao mesmo tempo eu poderia incomodar mais do que ajudar, não quero ir lá para que o meu pai tenha que se preocupar por mim, porque ele não é isso o que eu gostaria se fosse pra lá. Me incomodaria, não quero isso.
As coisas não eram para ser assim... Não passou nem um ano desde que estive aí, as coisas estavam sob controle, eu teria que ter ao menos uns dois meses mais. Eu iria em dezembro, feliz, todos estariamos felizes em casa, ficaria lá por um tempo e depois iria pro sul feliz, ficar feliz com a outra parte da família e com os amigos. Se eu for agora eu vou ter que ir correndo, nem vou ter tempo pra me preparar psicologicamente pra viagem, porque vou ter mais com o que me preocupar, vou chegar lá triste, ir para o hospital e ficar triste, passar uns 3 ou 4 meses triste, descer para o sul triste, e começar a estudar triste. Então eu me pergunto, como as coisas vão poder sair bem na minha vida se a tristeza vai me acompanhar por toda parte?

Agora eu não posso não ir. Eu preciso estar lá, se não eu vou me sentir culpada por não ter ido. Mas eu não tenho coragem de tomar uma decisão, eu não quero nenhuma dessas opções, embora a situação me obriga a escolher uma delas, não consigo me mexer.
Então eu me pergunto o que vale mais a pena, e claro, não chego em nenhuma conclusão.
Só citei algumas poucas coisas a respeito dos lugares e da situação, mas tem muitas outras coisas nas que me baseio e que me impedem de tomar uma decisão, preciso me decidir mas eu não tenho muito tempo.

Como uma âncora

Nessa tarde eu estava completamente sem vida, mais até do que de costume. Rondava pela casa sem ter realmente algo que fazer, simplesmente esperava que me ocorresse alguma idéia e pudesse aproveitar apenas um momento durante todo o dia.
Sem nada em mente, me atirei naquele velho e desconfortável sofá bege. Era como se estivesse em um estado vegetativo pois não sentia nem pensava nada, nem tampouco tinha vontade.
Fiquei assim durante alguns bons minutos até voltar parcialmente ao mundo. Me sentia incômoda ali, pensei em mudar de posição mas até isso meu corpo não permitia, afinal, de quê serviria? Daqui a alguns minutos voltaria a me sentir incômoda do mesmo jeito e voltaria a mudar de posição. Pensava em ir ler ou ir ao cabeleireiro, como estava me prometendo faziam já umas boas semanas, porém nada disso conseguia fazer com que valesse a pena me levantar. Ficava pondo desculpas bastante convenientes a todas as coisas que pensava que seria uma boa idéia para passar o tempo.
-Ah, eu não vou perder meu tempo! A essas horas todas essas velhas estupidas vão estar saindo de casa para ir no cabeleireiro. O salão vai estar cheio e vou ter que ficar esperando uma hora para ser atendida...! -pensei como primeira desculpa. Quando estava aí pela quarta ou quinta, ouvi alguns passos se aproximando e passando pela sala. Os passos foram direcionando-se até a porta de saida, a pessoa pegou o molho de chaves e finalmente saiu dando um belo portaço.
Me senti incrivelmente sozinha durante os primeiros cinco minutos, como se estivessem fechando aquela porta bem na minha cara me deixando presa em um lugar onde eu não tinha absolutamente nada o que fazer para que pudesse me sentir minimamente um ser vivo.
E assim estive eu durante muito tempo, presa em um labirinto por não saber em qual direção ir. Ficava ali parada naquele mesmo lugar dia trás dia, e quando decidia caminhar um pouquinho tomando uma direção, logo recuava ao me dar conta de que não sabia aonde queria chegar. Poderia voltar atrás e sair por onde entrei, ir procurar a saida ou chegar ao centro.
E enquanto eu estava com todo esse dilema não conseguindo me decidir, eu ficava alí assistindo a todas as pessoas que eu conheci passando por mim e escolhendo um dos caminhos sem nenhuma dificuldade, até desaparecer completamente do meu campo de visão. Ficava alí sentada no chão de terra olhando para os meus pés quando as pessoas paravam de passar, e diversas vezes me perguntava quando seria que eu voltaria a andar.

Não encontrava nada que me motivasse a me levantar dalí. Os dias passavam e era mais ou menos a mesma rotina: acordava tarde, ia no banheiro, comia algo, me deitava no sofá, cochilava, comia alguma bobagem e ia dormir. E mais algumas idas no banheiro.
Estava ficando cansada demais por estar sempre assim, mais morta do que viva, mas ao mesmo tempo eu não conseguia me propor a fazer nada a respeito. Tinha vários pensamentos de coisas que gostaria de fazer, mas eu simplesmente não conseguia por nenhuma delas em prática.
Foram passando os dias, e os dias se transformavam em semanas, e as semanas se transformavam em meses, e obviamente, os meses se transformaram em anos.
Com o tempo fui perdendo a noção do tempo. As coisas que eu lembrava como algo recente já não eram mais novidades. E tudo aquilo que eu estava consciente de que já não era nenhuma novidade, em um momento sempre acabava me surpreendendo do quão distante aquilo realmente estava.
É como quando alguém muito próximo tem um bebê e naturalmente você vai acabar acompanhando o crescimento dele. O tempo vai passando e uma hora é inevitavel parar e ver que a criança já fez, por exemplo, três anos. Então você olha para si mesmo e se pergunta: -O que eu fiz durante todos esses três anos? -e não obtém resposta alguma.
E graças a toda essa história eu acabo me sentindo como uma âncora, pesada demais para me levantar sem ajuda.

Trouble, Oh, trouble set me free...

Uma musica que me acompanhou durante muito tempo... Grande Cat Stevens (Yusuf Islam)!


Trouble
Oh trouble set me free
I have seen your face
And it's too much too much for me

Trouble
Oh trouble can't you see
You're eating my heart away
And there's nothing much left of me

I've drunk your wine
You have made your world mine
So won't you be fair
So won't you be fair

I don't want no more of you
So won't you be kind to me
Just let me go where
I'll have to go there

Trouble
Oh trouble move away
I have seen your face
and it's too much for me today

Trouble
Oh trouble can't you see
You have made me a wreck
Now won't you leave me in my misery

I've seen your eyes
and I can see death's disguise
Hangin' on me
Hangin' on me

I'm beat, I'm torn
Shattered and tossed and worn
Too shocking to see
Too shocking to see

Trouble
Oh trouble move from me
I have paid my debt
Now won't you leave me in my misery

Trouble
Oh trouble please be kind
I don't want no fight
And I haven't got a lot of time

A cada segundo que passa...

A cada segundo que passa estou perdendo uma partezinha a mais da minha vó. Ela está indo devagarinho, não consigo suportar isso. Enquanto eu durmo, como, leio, assisto tv ela está lá, sofrendo. Não sei o que fazer, ou o que pensar.
Fazem uns 5 minutos falei com o meu pai, ele estava a caminho da UTI, pois a minha vó passou mal ontém. Não sei o que esperar, o que desejar...
Estou me cansando de tudo isso, quero ir pra lugar nenhum.

A fase baixo-astral está voltando?

Estou muito pensativa, poderia escrever milhões de coisas sobre diversos assuntos hoje no blog, mas a certeza de que não conseguiria acabar nenhum desses pensamentos de uma maneira compreensível prefiro me calar.
É tão estranha essa sensação de sentir como se não houvesse maneira de que fosse ser feliz aqui nas condições em que me encontro e ao mesmo tempo de saber que seguramente sentirei muita falta dessa vida a qual não consegui me adaptar. Soa um pouco masoquista, e talvez até o seja pois não consigo encontrar explicação para isso, mas sentirei falta até dos momentos que mais infelicidade me trouxeram. Não dos momentos em si, mas das épocas. É uma espécie de explosão de sentimentos, de sofrimento misturado com desespero, com alegrias e com muitos mais que nem saberia explicar. Não sei quando conseguirei superar isso e deixar de viver com essas lembranças sempre presentes no meus dias, meu coração sempre dói um pouco. Se parece a sensação de ter um pedaço de uma flecha (ou qualquer outra coisa...) cravada no peito e não poder tirá-la. Se você tira, você morre. A pessoa acabaria se acostumando a ter a flecha ali e continuaria com a vida dela, acostumada com a situação. Suponho que não deve ser nada agradável ter um pedaço de flecha cravado no peito e que um deve ter isso sempre presente.
Eu não tenho uma flecha, nem uma bala ou um espinho. Tenho simplesmente palavras, gestos, olhares... Estou buscando a palavra certa para simplificar todas essas maneiras de expressão "invisiveis" porém perceptiveis que o ser humano é capaz de usar, mas não consigo encontrá-la.
Não gosto de falar muito sobre isso, não gosto de parecer coitadinha e muito menos de me tratar como uma, mas algumas vezes é inevitavel.
Queria falar das minhas amizades, da minha avó, da minha futura ida para o Brasil, de todas as mudanças repentinas na minha vida sem sal, dos meus estudos, de não ter um objetivo... Queria tanto ser compreendida. Por isso escrevo no meu blog, porque é como falar com um outro alguém, que me entende e me escuta. Nunca tenho que me preocupar se estou sendo inconveniente ou muito baixo-astral.
Dia trás dia me vejo mantendo dialogos com a minha imagem refletida em um espelho do mundo das palavras. O mínimo que devo fazer é escutar a mim mesma.

Nada, só um pequeno desabafo

É engraçado... As pessoas que eu esperava que me escutassem estão surdas, e aquelas que eu nunca imaginei que me dariam ouvidos estão a minha disposição. Estou começando a me perguntar até que ponto as pessoas que tanto valorizo merecem a minha consideração.

As folhas vão caindo

Senti o outono se aproximar nessa manhã enquanto tentava ler meu jornal em uma praça qualquer. O vento era forte, como se quisesse levar todo resquicio do verão em tão pouco tempo.
Levantei-me do banco e decidi caminhar um bocado. Senti o vento acariciando meu rosto e ao mesmo tempo esfregando na minha cara todas as más memórias que, infelizmente, minha estação predileta me trouxe.
O vento zombava de mim enquanto eu caminhava silenciosamente fazendo um esforço para tirar aquela horrível sensação de dentro de mim. Respirei fundo e segui caminhando.


Senti a necessidade fazer alguma coisa, então decidi passar pelo McDonalds mais próximo e perguntar como funcionava aquele negócio do café gratis, já que eu não acreditava que o McDonalds, uma das empresas mais mesquinhas de todas, fosse sair distribuindo café grátis para qualquer um que comprasse um McMenú.
Percebi que já estava próxima do local e como de costume, imediatamente busquei com rapidez e antecedencia o meu "vale café". Entro no estabelecimento e pergunto como funcionava essa história do café e ela simplesmente me responde perguntando qual café eu queria. Pedi um café expresso e saí de lá impressionada por ter ganhado algo gratis.
Peguei novamente meu jornal e comecei a ler uma coluna escrita por uma muçulmana criticando grande parte dos Islamicos, falando sobre a "regressão mental" que a grande maioria dos extremistas defendem e tanto se orgulham. Definitivamente um bom uso das palavras e um tema que daria muito o que falar.
Me levantei, liguei o iPod e continuei a andar, dessa vez de volta a casa. Continuei pensando, cada vez mais e mais e mais. Mas... Voltando aos meus pensamentos, creio que a maioria das pessoas já haja sentido ao menos alguma vez na vida o que eu sinto quando se aproxima o outono. Não necessariamente relacionado as estações do ano, mas sim com qualquer coisa, como por exemplo uma simples comida.
É aquela típica sensação de quando uma pessoa está comendo algo que ela realmente aprecia e acontece algo tão desagradável, que no final das contas sempre que essa pessoa volta a comer tal alimento, não consegue evitar lembrar daquele dia terrível.
Não posso começar a dizer todos os sentimentos que podem chegar a passar por onde-quer-que-seja em alguém, mas posso dizer que o que eu sinto é como uma espécie de tristeza profunda misturada com uma melancolia.
Eu vou superar. Provavelmente quando eu consiga deixar de pensar nesse algo tão desagradável que aconteceu, eu possa voltar a apreciar o inverno ao 100 por 100, enquanto isso, esses sentimentos vão me servindo como uma taça de café quente em um dia de vento congelante.

Esclarecimentos

Já estou melhor, minha vó parece estar reagindo bem em relação a quimioterapia... Espero que as coisas continuem assim.
Acho que eu precisava ter tido o meu chilique -que na hora quase pensei que fosse ir parar no hospital também- para me acalmar um pouco.
Eu não sei o que é que ela quer, o que ela preferiria e o que ela cre que é melhor pra ela. Não quero ser egoista a desejar o que eu quero para poder ver ela de novo, mas espero que ela queira o mesmo que eu, porque não posso evitar querer algo também. Desejo que ela aguente mais um tempo e assim que ela estiver bem e controlada, o Rio de Janeiro que me espere, porque eu vou até lá de caiaque se for preciso.

Ontém tive a crise histéria que precisava ter e estava tentando guardar pra mim. Não quero falar sobre ela e o que me fez ter ela agora mesmo, mas daqui a uns dias talvez eu escreva o que houve comigo.
Espero não estar assustando ninguém aqui.

Papai Noel seu filho da puta. Vai se foder!

Hoje eu me acabei. Hoje eu queria algum amigo do meu lado, mas todos eles estão sei lá onde. Todos pra puta que pariu, bosta de amigos! Que vão todos pro inferno!
Quero ir pra algum lugar onde eu possa estar completamente sozinha pra poder berrar e chorar a noite inteira se necessário. Queria qualquer coisa.
Não estou nem aí o que pensem ao ler essa merda de post, o blog tá aqui pra isso também.
Preciso falar com qualquer um e contar o que está me acontecendo mas de repente todo mundo desapareceu. Nem sei porque eu considero tanto os meus amigos e quis voltar antes pro Brasil por causa deles. Lógico que eles não foram tudo, mas foram uma grande parte do meu tudo, e a única vez na vida que eu preciso de qualquer um deles de verdade eles tão na puta que pariu fazendo festinha ou qualquer merda. Estou estressada, triste e egoista e não estou nem aí. Posso ficar chingando todos eles toda a noite se eu quiser.
Resumindo: vão todos pro inferno que eu odeio todos vocês, bando de canalhas desgraçados. Falaria todos os palavrões do mundo agora, mas não consigo lembrar de nem metade. Mas deu pra captar o sentido. Tudo de pior pra todos.

Morte


Muitas conexões me levaram a começar a escrever esse post sobre a morte, de fato já havia pensado sobre o que escreveria aqui fazem uns bons meses atrás...
A maioria das pessoas tem um certo temor a morte, alguns mais e outros menos, mas todos sentimos um medo por não ter nenhuma segurança do que acontecerá. Estamos acostumados a ver as pessoas no mundo e com o passar dos anos vendo as pessoas mais próximas a nós simplesmente deixando de funcionar. Uma hora ela está alí, esteve aí uma vida convivendo com você, deixou lembranças e tempos depois ela simplesmente apaga e não volta a aparecer nesse mundo. É complicado para quem está vivo aceitar que alguém ou algo que sempre esteve alí, um dia, deixará de estar. As pessoas morrem (ou até mesmo os animais, plantas, e tudo que tem vida) e que tudo seguirá o mesmo ciclo e logicamente, acabará como tudo.

Eu sempre quis escrever sobre a morte aqui no blog, mas nunca achei a hora certa para isso. Em incontaveis noites me peguei pensando sobre a morte enquanto tentava desesperadamente dormir, e sempre que pensava em que um dia tudo o que eu conheço vai sumir, incluindo a mim mesma e ao meu mundo, pois afinal, o mundo continua para todos até que ele também se vá.
É agonizante, mas, como todos nós, eu também inventei uma teoria para simplesmente não ficar com essa questão em branco na minha vida. Mesmo que ela não me ajude em nada, eu precisava ter uma opinião.
Dormir é a nossa preparação diária para a morte. Nós morremos um pouco cada dia, acho que a única diferença é que no outro dia acordamos no mesmo corpo, sendo a mesma pessoa e com a mesma vida do dia anterior... Acho que morrer deve ser como dormir, ou até mesmo como sonhar. Sei lá, o que saberei eu...
Nós tememos a morte porque ainda não morremos nessa vida (se é que existiram outras!), mas suponho que não será nada mal. Não tememos dormir porque fomos acostumados a isso, não tememos nascer porque já nascemos fazem uns bons anos e aprendemos a viver e a valorizar a vida. Então porque tememos a morte, se é tão natural e certo quanto o nascimento?
Coisas do ser humano...
Mas bem, eu acho que existem duas classes de pessoas: as que temem a morte e as que não. As pessoas que não temem a morte, no meu ponto de vista são aquelas que simplesmente desejam morrer. Pessoas que cansaram da vida, que perderam a esperança ao 100% e que já não veem motivo para seguir adiante. Simples assim. Mentira, nada é simples.
Eu sempre cometo o erro de dizer que as pessoas, que o mundo ou que qualquer coisa é muito complicado, mas nada é complicado. As coisas só são complexas demais para que uma pessoa que tem seu próprio mundo, possa compreender o mundo de cada ser vivo, do universo e de cada "mistério" que existe. A vida é muito interessante!

Iaiá

São 7:45 da manhã e eu acabo de acordar com as minhas pernas e garganta totalmente doloridos. De noite o quarto tava tão quente que eu pensei que não precisaria da toalha rosa felpuda pra me tapar, até que acordei nesse estado: morrendo de frio e chutando os ferros do beliche.
Só agora que estou escrevendo aqui consegui parar de chorar, porque a segunda coisa que fiz ao acordar foi começar a chorar como se eu fosse não conseguir parar. Obviamente que quando me dei conta de que não conseguiria parar e se ficasse ali iria só acordar todos, resolvi vir pra sala escrever no meu blog.
Essa noite eu tive um pesadelo horrivel. Misturou os meus amigos, meu antigo colégio no Brasil, meu tio João e minha tia Marly... Mas o tema principal do sonho foi a Iaiá.
O sonho tem um significado muito real na vida cotidiana, talvez seja por isso que eu fiquei tão emocionada... Sonhei que a Iaiá não podia mais caminhar, até as pernas dela estavam diferentes, então em todo lugar que ela queria ir eu pegava ela no colo e ia levando ela. E eu sentia como se ela não estivesse feliz nunca, mesmo que eu estivesse carregando ela para todas partes e tentando deixar ela feliz. Ela sempre queria se levantar e caminhar, e ela fazia isso algumas vezes, mas com muita dificuldade e resistencia. E não importa quantas vezes eu levasse ela pra lá ou pra cá, ela não ficava feliz. Eu acho que é porque aonde quer que eu levasse ela nós estavamos de alguma maneira... Sozinhas.
Quando levei ela pra um lugar lá que tinha uma mini tv, coloquei ela deitada em uma superficie que tinha uns trapos por causa das pernas, para assim poder assistir a tv. Então chegavam as crianças e ficavam com ciumes, achando que ela era a privilegiada e iam embora.
No meu sonho ela tinha meio que um espirito de criança, tanto que quando ela via as crianças era o único jeito dela ficar feliz. E foi assim o sonho inteiro.
Então eu acordei no fim do sonho quando a Iaiá estava com umas crianças e eles estavam se apresentando. Um dos garotos apontou para uma garota, a ultima da fila vertical e disse: Ela está morta. A garota olhou e começou a ficar encarando com cara muito má, com um copo no olho e talvez algum brinquedo mais.

Nesse mesmo instante eu acordei e senti minha garganta doer. Percebi que estava com frio e que tinha as pernas cheias de roxos. Pensei e comecei a choraradeira. Logo me levantei imediatamente pra ir no banheiro, voltei pra cama, sabia que não conseguiria ficar ali e dormir mais, então sabia que teria que vir aqui pra registrar essa droga dessa noite.

Desordem

Não aguento mais ficar nessa casa desde que a nova inquilina chegou. Nesse mesmo instante estou começando a ficar com dor de cabeça tentando aguentar ouvir umas musicas para perturbados. Sinto como que cada dia tenho menos privacidade. Nem ao menos consigo escrever direito aqui.
Estou cansada de não ter um lar.
Menos espaço nas prateleiras, na geladeira, ter que aturar conversas estupidas, musicas irritantes, pessoas indo e vindo. Não posso ir pro quarto, não posso ir pra cozinha, não posso ir pra sacada nem ficar na sala. Me sobra o hall e o banheiro, oba. Não tenho onde ir. Quero paz.
Quero que a Iaiá fique bem...

Adaptação

Ser um coadjuvante na história da sua própria vida é desapontador, mas eu simplesmente não consigo tomar decisões na minha vida. Talvez por medo de arrepender-me pela má escolha depois, embora ache que com tudo se ganha, até mesmo com as más escolhas. Suponho que necessite alguém a quem culpar caso as coisas não saiam como esperava e imaginava. De alguma forma, não seria isso medo de viver?
Às vezes faço comentários mentais protegendo a minha constante apatia, outras horas admito que esse fator não anda bem na minha vida, mas, sinceramente eu já não sei qual dessas duas vozes está a razão. Pode ser que nessas horas o que me reste é me jogar na piscina e ver o que será da minha vida, o único que temo -e que é inevitavel- é o processo de adaptação.
Adaptar-se é bom, natural e sano porém o que acontece comigo é um tipo diferente de adaptação: uma adaptação conformista. Assim chamo eu essa minha maneira de aceitar todos aqueles aspectos não tão bons que tentei mudar algumas vezes mas que por ser fraca, covarde ou qualquer outra coisa, acabei por me dar por vencida e aceitar as situações como se houvesse feito tudo o que estava ao meu alcance. Isso em um principio é como um escudo para mim, pois na minha cabeça posso afirmar para mim mesma um "Eu tentei!", mas com o tempo isso se torna um grande problema que vai pouco a pouco me consumindo e me deixando cada vez mais frágil e complicada.
Imaginem como se por exemplo me houvesse inscrito em um concurso de dança, tivesse me esforçado bastante mas para competir em um concurso como aquele precisasse ter mais conhecimentos. Obviamente não conseguiria passar por mais que ensaiasse todos os passos que soubesse, então me frustraria tanto por ter dado tudo de mim e não ter conseguido ganhar que acabaria fazendo essa auto-afirmação mental para fazer com que me sentisse melhor. O que acontece são duas coisas: primeiro, as coisas requerem tempo, e segundo, requerem paciencia.
Ninguém vira uma bailarina extraordinária em um ano, poucas pessoas ganhariam uma competição de dança com esse nível assim de cara. Para obter vitórias, sejam em questões laborais, afetivas ou no que for, é necessário tempo, paciencia, força e umas quantas coisinhas mais.
E aí encontramos meu problema! ;)