Poucas palavras, muitos dias.

Não estou só mas me sinto solitária. Não estou abandonada mas tampouco me sinto acompanhada. Por que a solidão e ao mesmo tempo a falta dela tem me deixado tão mais sozinha? Pra quê se importar tanto, afinal?
Acaba logo com isso. Simplesmente vai e não volta. Voa, some, se desfaz, evapora, desintegra, escorre pelo ralo, mas que essa sensação me deixe só na minha solidão.

Besteiras, como sempre.

Que poço sem fundo. Como estar na praia a noite, o mar se confunde com o céu. Se mistura, desaparece. É assim que me sinto, estou sumindo.

Toda minha paixão, amor e vida agora se confundem com uma parte sombria que nasceu e cresce em mim a cada dia que passa. Nada mais sei a meu respeito, toda fantasia se foi.
A felicidade toma conta de mim, a tristeza mais ainda. Minto. Agora é a tristeza falando, embora a felicidade predomine, é uma fina camada até chegar a este meu lado...
Melhor parar por aqui. Não sei quem fala nem o que diz. Estou bem mas algo em mim insiste em choramingar.

A decepção sou eu.

Sinceramente, ando decepcionada comigo mesma e o incrível é que mesmo sendo consciente disso, continuo com as mesmas atitudes. Até parece que faço propositalmente... Bem, provavelmente faça.

Tenho que me acalmar, voltar a ser eu mesma, recuperar meus valores... Onde foi que eu perdi grande parte do meu juízo?
Nada disso me importa realmente. Me importa tão, mas tão pouco que nem penso nas consequências dos meus atos; não que essas consequências tenham grande repercussão na minha vida, mas têm sim no meu estado de espírito.
Basicamente o que fica é aquela espécie de ressaca moral. Aquele arrependimento sem se arrepender, aquela vergonha.
Falando assim parece que estou perdida na vida, fazendo loucuras e sequelando, mas não é nada disso. Só não estou de acordo com a pessoa que tenho sido, em alguns momentos. Enfim...
Vou mudar... Devo, quero, preciso.

Estou bem, eu juro!

Não sei muito bem o que dizer, simplesmente senti uma necessidade de escrever aqui na tentativa de expressar alguma coisa que não sei bem o que é...
Ando meio confusa... Duvidando de mim mesma, do que sinto, pelo que anseio e até mesmo de coisas que achava já ter superado há tempos. Quero dizer, estou bem e sei disso, mas várias vezes tenho meus momentos de fragilidade nos quais me pergunto o que é que estou fazendo da minha vida, quem realmente sou eu, o que espero pra minha vida (a curto e longo prazo), como anda meu coração e assim vai.
Mais uma vez tenho aquela velha sensação de ter jogado tudo pra debaixo do tapete e continuado a vida igualmente, como se nada houvesse acontecido. E quando o tapete ficou pequeno demais pra tanta sujeira e tanta baderna, eu simplesmente arranjei um novo tapete bem lindo e prossegui com toda essa minha farsa interior até ele virar velho, sujo e pequeno.
Tenho uma séria dificuldade em superar coisas, em especial perdas, mas isso não vem ao caso. Acho ter superado e vou vivendo com altos sorrisos esboçados no rosto, sem me preocupar, sem dar importância... É como se a ficha demorasse mais do que o esperado pra cair.
Talvez por eu arranjar medidas provisórias de suprir o que perdi, ou até mesmo o fato de evitar pensar em determinadas coisas, como se não fosse necessário refletir, mesmo sabendo que é. E então eu me machuco duplamente, triplamente. Quebro meu coração mas ele continua inteiro.
Me importo e deixo de me importar, me afeta e deixa de me afetar; é toda uma inconstância que não sei como lidar. É 8 ou 80. Quero certezas, quero verdades completas porque já fazem anos que me sinto tão cansada e fria...
Preciso daquela intensidade pré-adolescente novamente, preciso tanto daquele espírito juvenil! Sinto tanta falta daquelas coisas bem bobas, como acreditar que o primeiro amor vai ser o amor de uma vida, a sensação errônea de achar impossível aprender a viver sem tal pessoa, de não conseguir parar de pensar em alguém nem sequer por um segundo, de chorar a noite por não ser correspondida ou, caso contrário, sorrir com ares de paixão o dia inteiro.
Sei que não sou tão velha, mas sinto como se toda a fantasia houvesse desaparecido e em troca a realidade tenha me enraizado completamente. Tudo virou utopia, conto de fadas. Será que é assim à medida que a gente cresce? Será que tudo vai perdendo a graça por culpa do medo? Será que a gente acostuma? Será que vai perdendo a graça?