Resgatando o positivo do passado para seguir em frente sem ele.

Lembrar sempre me pareceu mais apetitoso que olhar pra frente. Pensando bem, posso dizer que sempre fui uma pessoa com um imenso medo de viver. Medo do novo, medo da mudança, medo de crescer, medo do ciclo natural da vida...

Sou medrosa, embora consciente de que cada novidade traz consigo novas experiências, surpresas e aquilo de mais mágico que a vida nos proporciona.
Tento! Juro por tudo que tento mudar esse meu jeito pessimista e medroso. Busco o otimismo, busco voltar a apreciar o cheirinho do ar entrando pela janela em um dia ensolarado de primavera. Ver a luz característica do sol se pondo (sem vê-lo), banhando os edifícios e casas da cidade. O céu, pássaros, seres humanos, o conjunto, o todo. Quero ver a beleza, quero exercitar a felicidade, já que aprendi o caminho para encontrá-la nos momentos mais tristes, mas também nos felizes. O caminho é o mesmo.
Quero a paz. Quando se tem esse tipo de paz a qual me refiro, a intensidade do amor, dos problemas e tristezas torna-se tão pequena... Transforma-se em um grão de areia compondo a beleza do universo, de tudo o que conhecemos e deixamos de conhecer. Até mesmo a tristeza é bela quando se tem uma visão mais ampla e positivista de tudo. Quero e vou continuar exercitando e tentando. Tentando, tentando, tentando... Tentando sair da minha "zona de conforto", do meu comodismo não tão cômodo, e conseguir voltar a reparar em todas essas as pequenas coisas com um grande olhar.
Conseguirei amar e apreciar o sol se pondo, mesmo sem vê-lo.

Mais um pouco do mesmo dilema da vida toda

Quando venho aqui, paro tudo. Penso, calo e deixo tudo de lado. Já não sei bem o que preciso desabafar, só o que sei é que me faria bem.

Estou em um processo de luto antecipado, como sempre, repito os meus passos. Ando triste, ando cansada, desanimada. Meu processo de luto não se resume "apenas" a perda do meu avô, mas a toda uma desestruturação da família, a uma série de mudanças. Sou eu quem estou me enterrando e ao mesmo tempo tendo que me recompor, reconstituir. Acabou a fantasia, o suficiente já não basta. Agora eu quero a sobremesa, mas não tem sobremesa.
É como uma árvore genealógica, de apenas um galho principal surgem todos os meus problemas e começam a ramificar-se. E como frutos, vão caindo, apodrecendo, deteriorando até se extinguirem.
Na questão familiar, não há muito o que se fazer a não ser aceitar e seguir em frente. O problema mesmo está em mim e creio que sempre esteve.
Com o passar dos anos vejo que não mudei. Continuo a mesma garota pessimista e auto-destrutiva. Vem uma brisa que aos meus olhos já se torna um vendaval. O que verdadeiramente me incomoda, é que o vendaval parece me encantar. O trágico sempre me pareceu mais charmoso, mais íntimo embora sempre esteja em busca do oposto.
Sinto-me novamente em minha pele, no meu mundinho pequeno e recluso. Por que?
Parece que a dificuldade me faz mais humana e mais bondosa, porém em troca me trouxe mais sofrimento. Agora que a magia se foi, que voltei ao meu "mundinho de luxo", eu continuo me torturando e perguntando: o que foi que eu aprendi e o que é que continuo levando comigo de tudo aquilo?