Muitas pessoas dizem que é melhor ter o inimigo por perto para controlá-lo do que tê-lo longe, mas acho que para mim isso não funciona muito bem.
Eu sou o tipo de pessoa que me apego ao inimigo, mesmo sabendo que nele não posso confiar. Que todas suas palavras não passam de lorotas recheadas de falsidade e cuidadosamente embrulhadas em um belo papel seda cor-de-rosa, só para me confundir.
Prefiro manter o inimigo apartado, mas não deixar de monitorá-lo à distância. Desta forma é mais seguro, mais certeiro. Assim não corro riscos, não me apego e nem sofro aquela sensação contraditória do até gostei de ti, mas sei que não devo -e nem posso- confiar. Pra mim, essa é a pior de todas.
É difícil se manter firme quando essa última sensação se apresenta. Você conhece melhor o seu inimigo e até chega a pensar que ele até poderia ser seu camarada. Pura enganação, puro teatro! Seu inimigo é bom de papo. Te confunde sem você nem mesmo perceber.
Com apenas tinta preta e um pincel na mão, te retrata em um segundo, te lê página por página em quase nada e prepara a próxima cilada. Inimigo não dá pra tentar entender ou ser bonzinho, pois na primeira oportunidade ele pisa sem dó nem piedade.
Do inimigo só dá pra sentir pena. Não dá pra descer do salto nem deixar-se afetar. Do inimigo eu tiro algo proveitoso: me inspirei para escrever e deixo de me inspirar na hora de viver.