Mais do mesmo

Meu problema sempre foi a sensibilidade ao extremo. Essa fraqueza, intensidade em coisas que na realidade são pouco intensas, com pouco potencial. Essa minha mania de fantasiar todo e qualquer pequeno acontecimento, tornando-o sempre maior do que realmente é. Esse sempre foi meu problema, desde criança.

Sou fraca, sou forte. Minha debilidade traz a tona minha força, meu instinto de superação e adaptação pra seguir vivendo. Porém essa mesma força que surge da minha fraqueza sempre deixa uma espécie de sequela, sempre acumula dores, cria traumas e assim vai me deixando cada vez mais e mais fraca. Cada vez mais fria por fora e instável por dentro.
Uso máscaras mas sou eu mesma. Máscaras de auto-proteção, máscaras de auto-sabotagem: essa sou eu. Minhas máscaras são apenas uma tentativa de boicotar sentimentos, de diminuir (ou somente ocultar aos olhos alheios) essa sensibilidade toda, de fingir sentir menos... E ao fingir me enganar, não faço nada além de me machucar e machucar e machucar...

Resgatando o positivo do passado para seguir em frente sem ele.

Lembrar sempre me pareceu mais apetitoso que olhar pra frente. Pensando bem, posso dizer que sempre fui uma pessoa com um imenso medo de viver. Medo do novo, medo da mudança, medo de crescer, medo do ciclo natural da vida...

Sou medrosa, embora consciente de que cada novidade traz consigo novas experiências, surpresas e aquilo de mais mágico que a vida nos proporciona.
Tento! Juro por tudo que tento mudar esse meu jeito pessimista e medroso. Busco o otimismo, busco voltar a apreciar o cheirinho do ar entrando pela janela em um dia ensolarado de primavera. Ver a luz característica do sol se pondo (sem vê-lo), banhando os edifícios e casas da cidade. O céu, pássaros, seres humanos, o conjunto, o todo. Quero ver a beleza, quero exercitar a felicidade, já que aprendi o caminho para encontrá-la nos momentos mais tristes, mas também nos felizes. O caminho é o mesmo.
Quero a paz. Quando se tem esse tipo de paz a qual me refiro, a intensidade do amor, dos problemas e tristezas torna-se tão pequena... Transforma-se em um grão de areia compondo a beleza do universo, de tudo o que conhecemos e deixamos de conhecer. Até mesmo a tristeza é bela quando se tem uma visão mais ampla e positivista de tudo. Quero e vou continuar exercitando e tentando. Tentando, tentando, tentando... Tentando sair da minha "zona de conforto", do meu comodismo não tão cômodo, e conseguir voltar a reparar em todas essas as pequenas coisas com um grande olhar.
Conseguirei amar e apreciar o sol se pondo, mesmo sem vê-lo.

Mais um pouco do mesmo dilema da vida toda

Quando venho aqui, paro tudo. Penso, calo e deixo tudo de lado. Já não sei bem o que preciso desabafar, só o que sei é que me faria bem.

Estou em um processo de luto antecipado, como sempre, repito os meus passos. Ando triste, ando cansada, desanimada. Meu processo de luto não se resume "apenas" a perda do meu avô, mas a toda uma desestruturação da família, a uma série de mudanças. Sou eu quem estou me enterrando e ao mesmo tempo tendo que me recompor, reconstituir. Acabou a fantasia, o suficiente já não basta. Agora eu quero a sobremesa, mas não tem sobremesa.
É como uma árvore genealógica, de apenas um galho principal surgem todos os meus problemas e começam a ramificar-se. E como frutos, vão caindo, apodrecendo, deteriorando até se extinguirem.
Na questão familiar, não há muito o que se fazer a não ser aceitar e seguir em frente. O problema mesmo está em mim e creio que sempre esteve.
Com o passar dos anos vejo que não mudei. Continuo a mesma garota pessimista e auto-destrutiva. Vem uma brisa que aos meus olhos já se torna um vendaval. O que verdadeiramente me incomoda, é que o vendaval parece me encantar. O trágico sempre me pareceu mais charmoso, mais íntimo embora sempre esteja em busca do oposto.
Sinto-me novamente em minha pele, no meu mundinho pequeno e recluso. Por que?
Parece que a dificuldade me faz mais humana e mais bondosa, porém em troca me trouxe mais sofrimento. Agora que a magia se foi, que voltei ao meu "mundinho de luxo", eu continuo me torturando e perguntando: o que foi que eu aprendi e o que é que continuo levando comigo de tudo aquilo?

Antibióticos não vão me ajudar.

Com o vírus do desanimo. Desmotivação. É um momento delicado. Isso tudo é complicado...

A fraqueza invadiu o meu corpo e alma, minha mente sente-se cansada e não há nada que possa fazer, além de ser positiva e forte. O que por ironia, não é o meu forte.
Eu caio no poço e fico no escuro. Me rendo, me deixo cair, me deixo fragilizada sem nem mesmo me importar. Queria ser dessas pessoas que caem, se levantam e mesmo na escuridão não perdem a motivação para continuar lutando.
Quem sabe eu não me torne assim, quem sabe...

Meio do fim.

Quando sou eu, parece que não dá pra chorar nem sofrer da minha maneira. Se eu fico quieta e sou objetiva, sou tachada de grosseira e não deveria estar agindo assim porque quem sofre mais é a minha mãe. Que culpa tenho eu de agir dessa maneira num momento de choque? É meu jeito, caralho.

Não fazem nem dois anos que minha avó faleceu de leucemia e desde a cirurgia do meu avô no ano passado, ele só vem a piorar e a cada dia fica mais longe da melhora, de nós e longe da vida. Dói ouvir o diagnóstico, dói ouvir o que está por vir e ver isso tudo acontecendo amanhã, hoje. Simplesmente dói lembrar e dói saber que vai ser tudo o que vai restar novamente. Lembrar de outro avô.
Dói a dor na minha querida avó, no meu tio. Queria tomar uma pílula e acordar só quando desse na telha, e nem me importar que as coisas não teriam mudado ou que seria covardia. Só queria um tempo longe da dor que não cessa.
Só queria silêncio, ausência.

Eram três.


A morte é dura.
Ela vem mas não fica. Vem aos poucos ou de um só golpe e leva tudo. Leva tudo e nada deixa. Varre os escombros e taca fogo pra não deixar resquícios.
A morte, seja lenta ou não, aniquila pedaços. Traz sequelas para aqueles que ficam.
Fim ou recomeço, já não sei. Fim para os que aqui se encontram. Recomeço? Vai saber.
No final, tudo se resume a fotografias, lembranças e um nome na árvore genealógica, até que tudo isso também se perca e se torne nada.
Nada.

Mais loucuras

Puta merda, como o tempo passa rápido. Amanhã vou abrir os olhos e estar com 30 anos. Depois de amanhã, 60, e depois, acabou.

Como a gente se decepciona, como as pessoas nos decepcionam. Como a gente se contradiz e como a gente simplesmente muda de opiniões. Como a gente evolui e regride. Como a vida é um ciclo: nos machuca e nos traz alegrias. Como somos imperfeitos.
Já tive que encarar bichos de 7 cabeças desarmada e hoje tenho medo de enfrentar apenas sombras e reflexos. Meu reflexo.
Quero voltar a ser corajosa, mas será que era isso mesmo que eu era? Ou será que eu não passava de uma jovem extremamente infeliz que já havia perdido todos os prazeres da vida e as forças de lutar? Uma jovem que teve que parar os estudos, uma jovem que chorava e que vivia uma angustia até na tentativa de divertir-se? Quem eu era, afinal? Não me saí tão bem assim e em troca fiz um buraco negro em algum lugar dentro de mim, que mesmo depois de mais de um ano, não consegui consertá-lo.
Tudo o que eu queria era poder voltar no tempo, segurar-me a mim mesma com doçura e ninar àquela menina tão debilitada dizendo-lhe que tudo ficaria bem. Ao menos uma vez. Porque tudo ficou bem. Tudo passou. Toda dor, a verdadeira dor, se foi. É só nunca esquecer o que era, como era grande a tristeza, que a dor que sinto agora se transforma em poeira.
É só esquecer sempre e lembrar quando necessário.
O que houve comigo, meu deus?

Nada que preste

A dor sempre volta, uma hora ou outra ela reaparece. É incrível.

Nem que seja por apenas um dia, ela reaparece sem hora, sem motivo, sem nada concreto. A dor, a tristeza, a melancolia.
A solidão nunca deixou de me acompanhar, hoje percebo isso. Talvez amanhã quando volte ao meu "normal", negue o que digo. Mas sei que no fundo sou consciente de que sou só e sempre serei só. Faz parte da essência humana e às vezes me parece que faz ainda mais parte da minha. Como se eu tivesse uma dose a mais de solidão do que a maioria. Vê se pode? Típico do ser humano. Sempre tentando ser a exceção, sempre tentando ser "mais isso" ou "mais aquilo", mesmo que seja algo negativo.
Quero férias de mim.
E eu volto a me fartar da minha própria espécie, acho que isso nunca vai mudar. Acho que eu nunca vou mudar. Parece que eu sempre vou acabar voltando a ser o lado negro da lua.

p.s.: aliás, o blog fez dois anos em fevereiro, e embora não tenha postado aqui nada fazem quase 5 meses, penso no blog constantemente. Tenho um carinho especial por esse blog, como nunca tive por nenhum outro.