Hospede

Ele sempre sabe onde me encontrar
e mesmo assim está aqui
batendo na minha porta e
procurando por mim novamente.

Sempre muito educado,
mas ele sabe que é só ir entrando
pois quando soa a campainha
a vida já perde parte de vida
e algo dentro de mim
imediatamente abre espaço
para acomodar o frequente hóspede.

Vazio não tem forma
mas o ar muda imediatamente
ao te-lo por perto.
Quase posso ver o sorriso melancólico
e a saudade de estar longe de mim.

Cada raio de luz parece distante
como se pertencessem a outro lugar.
E pouco a pouco
Vazio se adona de mim
e é o Vazio quem passa a viver
60% da minha vida.

Ele me permite escrever
da maneira como ele me influencia a pensar.
E agora eu me encontro
em algum lugar pequenino dentro de mim
cumprindo as ordens do meu hospede.

Post para o Vazio

Estou cansada das coisas, todas essas coisas que estão me incomodando.
Sempre estou calma como se não tivesse nenhuma inquietude, não sei porque e fico assim. Talvez essa seja minha maneira de surtar, digamos que a primeira fase do meu surto é reprimir tudo o que me angustia pensar. E assim fica tudo.
E quando eu decido tentar soltar o que prendo em algum lugar dentro de mim eu simplesmente volto a ser aquela velha Natália pessimista que conheci ao vir para a Espanha. A Natália sem rumo, sem motivações, sem vontades e sentimentos. Me transformo em um nome vazio e em nada mais, acho que por isso prefiro guardar as coisas ruins pra mim. Não quero essa Natália comigo.
Tem tantas Natálias que eu não gosto dentro da Natália que eu sou... Gostaria de poder eliminar todas elas. Mas eu sou todas essas Natálias, boas e ruins, e eu não posso acabar comigo mesma.
Tenho medo da minha vida não dar certo, as coisas já não me emocionam e nada tem mais graça. É como ter um buraco em mim que suga todo o exesso de emoções me deixando sentir só uma porcentagem delas, e logo o vazio do resto. Eu não tenho nenhum problema, mas eu sempre quis descobrir o meu problema para ao menos ter uma desculpa por ser tão complicada.

Briga com Miss. Boazinha

Minha mãe é suja, traiçoeira e manipuladora quando se trata de brigas, porque ela começa falando do assunto da briga durante aproximadamente um minuto e termina falando mal do meu pai durante cinco. É claro que, no meio disso tudo, ela passa uns 10 minutos me informando do quão grosseira e má pessoa eu sou, como ela é maravilhosa e faz tudo pra mim e tudo o que vier pela cabeça dela. "Tudo que vier pela cabeça dela", soa até amigável demais, pois como disse no começo disso tudo, ela é traiçoeira -se dando conta disso ou não. Ela seleciona os temas que ela sabe que me afetam e começa a atirar eles na minha cara aleatóriamente. Bem, depois que ela faz o maior drama e geralmente começa a chorar na minha frente, a gente vai cada uma pro seu canto. Como eu não tenho mais o meu canto, eu sai de casa. Fui pra um parque ler, mas acabei começando a chorar. Depois de duas tentativas de tentar parar o choro peguei meu livro da Sylvia Plath e acabei de ler numa sentada. Logo após isso não estou certa do que fiz, acho que fui na Chinona (apelido dado a uma lojinha) e comprei uma bolsa por 5 euros. Foi um ótimo negócio, saí de lá feliz da vida com a minha imitação de bolsa. Depois dei umas voltas pelas redondezas até que passei pela frente do El Corte Inglés, loja que eu tanto detesto e resolvi entrar.
Fui direto até a seção de livros procurar outro livro da Sylvia Plath, e suponho que o guardinha estava suspeitando que eu fosse roubar alguma coisa e já estivesse me observando há algum tempo pois eu ficava dando voltas e voltas pelas mesmas seções que estavam muito mal catalogadas.
-Necesitas ayuda? -me perguntou o atendente.
Então no momento que ia fazer a mesma coisa de sempre, dizer que não precisava pois só estava dando uma olhada, resolvi dar uma de louca e perguntar por algum livro da Sylvia Plath, mesmo que eu não fosse comprar nada.
Eu diria que ele ficou alí na minha frente procurando no computador durante uns 5 minutos, e no final das contas não tinha nenhum. Agradeci e fui indo embora depressa, até que vi vários óculos como eu gosto perto da porta de saída e outra vez pensei, por que não?
Comecei a provar óculos e mais óculos, pensei até em comprar um deles algum outro dia, pois não estava suficientemente desregulada para gastar 30 euros em um óculos que depois poderia me arrepender de haver comprado.
O que não gosto nessas lojas é que elas colocam aquele "bip gigante anti-roubo" bem alí onde supostamente deveria ficar a minha orelha e, sempre que ia me olhar no espelho via aqueles óculos parcialmente tortos. Se duvidar volto lá ainda hoje pra provar todos eles com paz e calma.

Saí da loja e eu já estava em paz, mas ainda não queria voltar pra casa. Decidi caminhar um pouco e ir até o Mc Donalds e pedir um hamburger. Cheguei lá e pedí só o hamburger. Me impressionei com a rapidez de como eles fizeram o meu Quarteirão carne e queijo, já que toda vez que eu faço um pedido especial eles levam uns 10 minutos pra me entregar a droga do hamburguer que na realidade é até mais simples de fazer. Fui até uma cadeira, comi meu hamburguer e decidi que já era hora de voltar pra casa. Eram 21:46 quando eu estava na metade do caminho e a minha mãe me ligou. Só senti a vibração do celular dentro da sacola de plástico onde havia posto a bolsa antiga que estava usando antes de comprar a outra. Não queria atender, eu estava bem. Estava calma. Se eu houvesse atendido provavelmente a mãe teria feito eu me sentir triste outra vez, então por este motivo, resolvi ignorar. De qualquer maneira, em 15 minutos já estaria em casa e ela não iria chamar a polícia nem coisa nenhuma.
Enquanto caminhava pela rua observava as luzes dos carros indo e vindo e pensava a respeito disso e de qualquer bobagem que passasse pela minha cabeça. Cheguei em casa, disse um olá e recebi um "oi nati" vindo do meu tio.

Houveram duas manhãs nessa semana que eu acordei com a impressão de que todos na casa me odiavam e estavam furiosos comigo por alguma razão inexistente, já hoje, acordei e não senti isso. Eu tinha a certeza de que a minha mãe estava com raiva de mim e que o meu tio estava do lado dela. Mas eles já tinham ido e me deixado sozinha em casa.

Citações de Sylvia Plath

Já faz algum tempo que retirei na biblioteca alguns livros da Clarice Lispector e um da Sylvia Plath. Estava morrendo de vontade de começar a leitura semi-autobiografica da Sylvia Plath -em português se chama "A Redoma de Vidro"- e agora já estou quase terminando. Para ser sincera, no início do livro não vi nada de extraordinário como imaginava que fosse ser, mas como simpatizei com ela de cara ao pegar o livro em minhas mãos na biblioteca e ainda gostei da maneira como ela escreve resolvi continuar. Sorte minha, o livro foi cada vez ficando melhor.
Mas não estou aqui para criticar o livro, fazer sinopse alguma, nem nada do tipo. Quer dizer, nem sei porque decidi escrever aqui... Acho que gostaria de citar alguns trechos que marquei no livro com os quais acabei me identificando totalmente. Talvez não agora, mas num passado e talvez em um futuro, nunca se sabe. Aí vão alguns.

1) "Vi mi vida extendiendo sus ramas frente a mí como la higuera verde del cuento. De la punta de cada rama, como un grueso higo morado, pendía un maravilloso futuro, señalado y rutilante. Un higo era un marido y un hogar feliz e hijos y otro higo era un famoso poeta, y otro higo era un brillante profesor, y otro higo era E Ge, la extraordinaria editora, y otro higo era Europa y África y Sudamérica y otro higo era Constantino y Sócrates y Atila y un montón de otros amantes con nombres raros y profesiones poco usuales, y otro higo era una campeona de equipo olímpico de atletismo, y más allá y por encima de aquellos higos había muchos más higos que no podía identificar claramente. Me vi a mí misma sentada en la bifurcación de ese árbol de higos, muriéndome de hambre sólo porque no podía decidir cuál de los higos escoger. Quería todos y cada uno de ellos, pero elegir uno significaba perder el resto, y, mientras yo estaba allí sentada, incapaz de decidirme, los higos empezaron a arrugarse y a tornarse negros y, uno por uno, cayeron al suelo, a mis pies."

2) "No quería que me hicieran la foto porque iba a llorar. No sabía porqué iba a llorar, pero sabía que si alguien me hablaba o me miraba con demasiada atención las lágrimas brotarían de mis ojos y los sollozos brotarían de mi gargnta y lloraria durante una semana. Podía sentir las lágrimas desbordarse y salpicar en mi cara como agua de un vaso inestable y demasiado lleno."

3) "La razón por la que no habia lavado mi ropa ni mi pelo era que me parecia de lo más tonto hacerlo.
Veía los días del año extendiéndose ante mi comoo una serie de brillantes cajas blancas, y separando una caja de otra estaba el sueño, como una sombra negra. Sólo que pare m´la larga perspectiva de sombras que separaban una caja de la siguiente había desaparecido repentinamente, y podía ver día tras día resplandeciendo ante mí como una blanca, ancha, infinitamente desolada avenida.
Parecía tonto lavar un día cuando tendría que volver a lavar al siguiente.
El solo pensar en eso me hacía sentir cansada.
Quería hacer todo de una vez por todas y terminar."

4) "Sabía que debía estarle agradecida a la señora Guinea, sólo que no podía sentir nada. Si la señora Guinea me hubiera dado un pasaje a Europa, o un viaje alrededor del mundo, no hubiera habido la menor diferencia para mí, porque donde quiera que estuviera sentada -en la cubierta de un barco o en la terraza de un café en París o en Bangkok- estaría sentada bajo la misma campana de cristal, agitándome en mi propio aire viciado."

Opostos/extremos me cansam

Não entendo porque o homem tem a mania de avaliar cada aspecto da vida, separando cada situação em bom ou ruim. Não posso dizer se isso é certo ou errado e nem quero pensar a respeito, pois estaria fazendo o mesmo que me motivou a vir aqui escrever uma crítica ao ser humano: selecionando situações e separando-as em dois sacos opostos.
Afinal, quem sou eu para julgar os atos humanos? Quem somos nós para fazer afirmações sobre o que desconhecemos?

O que vem a ser um "mau tempo"? A chuva, o fato de estar nublado, vento demais... Por que isso haveria de ser classificado como algo negativo pela sociedade? Um dia ensolarado e um dia chuvoso apenas são diferentes um do outro, nenhum é "bom" ou "ruim", são variações. É a diversidade que a vida nos proporciona.
Em um mau tempo existem tantas coisas prazerosas para se fazer, como chamar os amigos para uma seção de filmes, sentir como o vento leva parte de você com ele, correr na chuva ou simplesmente observá-la pela janela.

Pararei por aqui, embora desejasse escrever mais e completar o meu pensamento. Quando eu me empolgo escrevendo, geralmente depois me arrependo de algumas coisas que digo e começo a reflexionar mais profundamente sobre o tema abordado :P

Primeiro de tudo, gostaria de agradecer pelos comentários do post anterior. E agora... Bem, ainda estou procurando por um tema para escrever.
Poderia escrever sobre mais histórias de amor, não que eu não goste disso, adoro, mas ultimamente tenho desejado escrever sobre coisas diferentes, mais complexas. Quem já tentou escrever sobre algo assim sabe a que eu me refiro, é difícil encontrar as palavras corretas e de certa maneira, até as idéias certas. Tudo é tão complexo que a sua cabeça acaba se complicando de uma maneira que até as idéias concretas que você tinha a respeito do tema desaparecem por completo, ou simplesmente aparecem milhares de novas teorias sobre o assunto e que nada mais te parece "a melhor teoria". Ao menos, é isso o que acontece comigo.

Teria muitas banalidades que falar agora, coisas do dia-a-dia, mas não suporto ter muitos assuntos curtos para falar e nenhum conector entre eles. Como não é nada importante, vou deixar pra lá. Posts melhores virão :P

Relato para Renato

Algumas vezes tenho aquele tipo de sonhos em que um prefere continuar sonhando ao acordar. Sonhos tão bons, que de alguma maneira acabam permitindo-me de viver partes de uma história que, por ventura, a vida não me concedeu.
Hoje sonhei com um garoto de praticamente um ano atrás. Se você me perguntasse o que houve entre nós não sei se saberia dar uma resposta objetiva. Não eramos namorados, não eramos ficantes. Não saíamos a sós e tampouco houveram beijos. Não havia nada que servisse de base para que as pessoas pudessem rotular na nossa estranha relação, somente haviam conversas, abraços, beijinhos tímidos, e muito, muito sentimento. Não passou disso e acreditem, para mim foi perfeito. Isso é o famoso flechazo.
Pois bem, passamos uma ou duas semanas em um romance bastante profundo e ao mesmo tempo um tanto contraditório. Mãos dadas, insegurança e timidez como a dos primeiros amores. Um amor puro e inocente em um bar cheio de alcool e algo de drogas.
Tampouco poderia dizer ao certo se as coisas teriam acabado bem caso houvesse ficado por perto, mas eu fui para longe. E em muito pouco tempo ele arrumou uma namorada qualquer, acabaram em seguida e depois também resolveu ir-se daqui para bem longe.
Tempos depois ambos voltamos à cidade, nos vimos no bar e já não sabiamos como agir um com o outro. Tudo ficou congelado, afinal, era inverno.
Infelizmente agora chegou o verão e agora os sentimentos vão descongelando-se pouco a pouco. São memórias passadas e um tanto imaginárias pois muito tempo já se passou, mas todavia são sentimentos e sinto que devo admitir para mim mesma que eles ainda estão aqui dentro de mim, como algo ainda pendente para ser resolvido. As coisas não acabaram bem entre nós e sei que ele pensa o mesmo, ou melhor, elas não acabaram oficialmente.
Tudo não passou do fim de um parágrafo. Houve um ponto final, mas ambos já haviamos descido uma linha mais abaixo para começar a próxima frase, o que nos faltava era a coragem para continuar escrevendo.

Aqui está o post que estava precisando escrever ontém, agora me sinto realizada. Espero que gostem e disfrutem do pequeno relato que acabo de escrever.

Loucuras de primeira categoria

É difícil fazer parte do mundo, a realidade é uma coisa tão complicada... Ela está aí e logo ela já não está, tudo não passa de uma grande contradição. Talvez a vida tenha sido feita para não tentar ser compreendida, ou talvez seja o contrário. Pode ser que não haja nada que compreender e também pode ser que isso simplesmente não seja real. Afinal, quem tem as respostas que buscamos? Me questiono se realmente existem essas tais respostas que todos buscamos em nosso interior.
Enfim, a realidade de que gostaria de falar não era precisamente essa mas sinceramente já nem sei mais o que escrever. Tenho tantos pensamentos que gostaria de expressar mas sempre que toco em temas delicados (como este, para mim) acabo perdendo o fio da meada. Dou um nó na cabeça que eu realmente consigo sentir como se houvesse uma corda se enroscando lá dentro e tudo ficasse em pesado e branco ao mesmo tempo.
Acado de ligar o ventilador para ver se refresco a cabeça e recupero ao menos algum dos temas que tinha por falar, o vento sempre me faz bem.
Pode parecer uma grande besteira tanto quanto pode ser uma fase, eu não sei, mas nos últimos tempos sinto que necessito ser algo 'grande'. Deixem que me explique, sinto o desejo e necessidade de ser de alguma maneira um modo de expressão para o mundo. Seja escrevendo, atuando, dançando, cantando ou o que quer que seja. Honestamente acabo de sentir como se estivesse voltando a aqueles desejos infantis de "quando eu crescer vou ser astronauta" ou "eu quero ser atriz". Não é que eu tenha nenhuma qualidade boa o suficiente que possa me conceder o que acabo de dizer, sei que no final das contas isso tudo vai passar e serei mais uma pessoa normal no mundo. Os famosos também são normais, oras... O que acontece é que me dá um pouco de medo ter uma vida mediocre. Sei que pelo que vivi até hoje poderia dizer que minha vida já valeu a pena quantas vezes fosse preciso mas quero que tudo valha a pena. Ok, sou consciente que só o fato de estar vivo já vale a pena e que tenho uma vida confortável, mas quero fugir dos padrões. ... E quero ser normal ao mesmo tempo. Acho que o meu problema é que eu sempre quero para mim os dois opostos, sinto como se necessitasse poder ser duas Natálias para poder ser feliz do meu jeito. Não existe um meio termo de vida, ou se escolhe um caminho ou se escolhe o outro, e se eu não souber qual escolher e continuar com a dúvida por muito tempo acabarei sem nenhuma vida, dividida em duas Natálias frustradas por não conseguir nada...
Acho que o vento levou foi alguns parafusos da minha cabeça, vou postar isso só pra não apagar tudo porque nada aqui tem sentido. Quero falar de uma coisa em concreto em cada post, isso não está bom e eu não estou me agradando. Vamos falar sobre Kafka e sobre Einstein. Vocês não pegam meu raciocineo agora, ligações loucas da minha cabeça. Poderia citar aqui todos os temas que poderia um dia criar um post aqui no blog. Esse post já está uma bagunça mesmo, então, porque não?
Poisé, agora deu branco outra vez. uAUHHAUUHAHUAUHAUHHUA Não se assustem, eu não estou surtando. Eu estou bem, o problema é que estou surtando. Eu menti, estou surtando, mas estou bem. Surto porque preciso escrever, e escrever algo que me agrade. Ah meu deus....!!!!!

Nada de nada

Noto que tenho perdido o costume de escrever aqui por várias razões que... Bem, posso enumera-las aqui: o calor, o turismo que estive fazendo com o Guina e agora com o tio Guigo, o fato de ter escrito muitas coisas no livrinho que mandei pra Cella, que me servia como o blog... E isso pouco a pouco vai te tirando a vontade de escrever.
Teria muitas coisas para contar, coisas atrazadas que já nem vale a pena contar detalhadamente. Viagens a Bilbao, San Sebastián, Pamplona, passeios por Barcelona, despedidas, chegadas, passeios por Barcelona... Sou a garota do turismo hahaha

Ok, vim aqui basicamente para tentar retomar o hábito de escrever por aqui, embora ache que isso só vai acontecer quando o tio Guigo for embora pois não terei nada mais interessante para fazer :P
E não se preocupem, eu sempre volto.