Um sonho, um conto

O dia está recém começando, então é possivel que daqui a algumas horas eu tenha novas coisas para escrever aqui no blog.
Hoje eu gostaria de postar aqui o primeiro conto que eu fiz na minha vida por pura diversão. Não, eu fiz ele a alguns dias atrás haha :P


Alucinações

Nos aforas de uma pequena cidade de interior residiam Rosa e seu marido, por sua vez em uma -também pequena- cabana de madeira.
Era um sábado de manhã, a grama e os orvalhos estavam úmidos depois da forte chuva durante a madrugada.
Jorge, que desde jovem nunca fora nada preguiçoso, despertou-se cedo e saiu de casa para respirar um pouco de natureza e sentir o perfume único de uma manhã de inverno "pós-chuva". Ah, e é claro, cortar um pouco da lenha que por sorte havia trazido na noite anterior para o seu pequeno ateliê; lenha sequinha, justo o que necessitavam para esquentar-se em seu lar.
Enquanto Jorge disfrutava realizando suas atividades matinais habituais, Rosa por outro lado preferia tirar mais umas boas horinhas deitada naquela velha cama de casal. Ela passava a maior parte de seus dias dentro da minúscula cabana de madeira, deitada em sua cama assistindo televisão naquele aparelho realmente antigo. Apenas levantava-se para ir ao banheiro e preparar um sanduíche ou qualquer outra comida rápida.
Não havia maneira de tirá-la de lá, Jorge estava começando a preocupar-se com sua esposa, já que levavam quase quarenta anos de casamento e Rosa nunca fora assim. Recusava até seus convites para que fossem até a cidade dar um passeio ou simplesmente dar-se o luxo de comerem em um bom restaurante -o que era um privilégio que podiam permitir-se algumas poucas vezes.

--Malditos fungos! -rosnou Rosa, sem dar muita importancia ao ver manchas gosmentas tingidas de um roxo escuro nas laterais de seu abdomen.
Bastou uma semana para que esses supostos fungos se desenvolvessem e se transformassem em pequenos tentáculos.
Passado o susto, Rosa adaptou-se muito bem com os seus novos quatro tentáculos, já que eles obedeciam fielmente a todoas as suas necessidades e caprichos sem ter que mover um dedo. É, Rosa definitivamente era uma mulher de sorte.
Por outro lado, Jorge estava terrivelmente assustado, porém preferia não fazer nem um comentário contrariando a opinião de sua mulher, assim se pouparia de algumas discussões e caras feias devido ao mau gênio de sua esposa.

Os dias foram passando, os tentáculos crescendo lentamente, e Rosa seguia cada vez mais maravilhada com a eficácia dos seus mais novos ajudantes. Isso sim, por pouco tempo mais.

Na manhã seguinte Rosa estava sentada na beirada da cama, enquanto seu marido passava maionese nas torradas recém feitas para que tomassem seu café da manhã.
O casal de velhinhos conversavam animados, comentavam sobre o noticiário das 11 horas, sobre política e até sobre um novo morador (muito rico, por sinal) que viera morar na cidadezinha, quando, involuntariamente, os tentáculos tomaram das mãos de Jorge com violência a faca com que besuntava as torradas. O homem simplesmente olhou para sua esposa; nada mais. Mas sua expressão revelava exatamente o que pensava da situação, e pela primeira vez Rosa conseguiu entender perfeitamente o que seu marido calou.
-- O que devo fazer com isso agora, Jorge?? Como vou me livrar dessa coisa?! -indagou Rosa, desesperada.
-- Espere até amanhã e nós iremos em um bom médico, com certeza eles saberão o que fazer. -disse ele.
-- Jorge, estou com medo...! Não poderei aguentar essa sensação até amanha!!! -exclamou Rosa com um tom exagerado.
-- Ah Rosa, por favor, hoje preciso mesmo ir trabalhar... Você já aguentou umas duas semanas com esse negócio aí, e bem faceira por sinal. Amanhã será sábado, te prometo que iremos no médico na primeira hora que tiverem! -argumentou ele.
-- Está bem... Mas... Na primeira hora!!
-- Claro que sim... -ele sorriu- Voltarei às 8 horas da noite, nada mais nada menos!
Deu-lhe um carinhoso beijinho na testa e se foi.


Dez horas depois, Jorge chega em casa, gritando desde fora as ótimas novidades à sua esposa.
-- Rosa! Você nem imagina!!! Tenho as melhores notíc...
Jorge pára.
Petrificado com o que vê ao girar a maçaneta, não conseguiu concluir sua frase.
Encontra a sua mulher completamente esmagada, praticamente dividida em duas partes em cima da velha cama de casal. Como se fossem serpentes aqueles quatro malditos tentáculos tiraram-lhe aquilo que mais amava.
Da órbita dos seus olhos saia uma gosma roxa, de sua boca, alguma espécie de verme ou o que quer que fosse.
Jorge caminhou em direção a cama, deitou-se ao lado de sua amada e continuou a contar-lhe as ótimas notícias.

31/01/09 - 01/02/09

2 thoughts on “Um sonho, um conto

  1. natiuska querida.
    vi no teu orkut o link para teu novo blog e já saí lendo.
    muuuuiiiitttooo booooom. gostei mesmo. tem um blog de uma guria amiga minha que escreve coisas com uma sensibilidade linda que tem um tanto a tua cara(o da bianca = http://www.conteudo-liquido.blogspot.com/)mas ela tem uns 30 anos e você é uma moçinha (heheheheheh). Parabéns para ti.
    Guina
    em tempo: eu também não gostei das mudanças no português, mas não se deve preocupar com isto, são umas bobagens...

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  2. Te dejo un saludo cordial..

    pacobailacoach.blogspot.com


    ¿conoces el coaching?

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