Sem palavras para um título

A vida é curiosa, o ser humano é fascinante...!
Passei quase toda minha estadia em Barcelona pensando no Brasil, desejando ver meus amigos, estar na casa da minha avó, comer a comida que eu gosto, respirar o ar que me faz bem e agora que o momento finalmente está se aproximando estou... Assustada.
Os papéis estão a caminho, os dias vão passando e a minha vida está cada vez mais próxima de voltar a tona. É complicado de explicar tudo o que eu estou sentindo e desejando expressar, até porque eu não consigo entender tudo. Só sinto confusão.
Estou feliz, estou assustada, estou triste, estou com saudades...
Como posso me explicar... Para mim é sempre muito difícil de dar fim a uma etapa mesmo que não seja a mais agradável de todas ou que não pareca ser. Embora eu não me sinta totalmente viva aqui e sinta falta da vida cheia de qualquer classe de sentimentos que eu costumava ter, sei que sentirei falta dessa minha solidão, dessa proximidade que eu e minha mãe estamos tendo agora (embora tenha seu lado ruim) e muitas outros pequenos detalhes, sem falar na cidade.
Sentirei falta das coisas mais corriqueiras, como ir na psicóloga ou andar de metrô. Barcelona vai ser como o Brasil é para mim agora, um lugar que eu aprendi a amar e que sentirei falta. Sei que nunca vai ser o mesmo porque o Brasil é a minha terra, é uma parte maior de mim do que Barcelona.
Essa cidade me ensinou muitas coisas, as pessoas aqui me ensinaram mais ainda e, eu, aprendi.
Embora eu tente dizer coisas boas, o único que posso pensar é na dor. Não entendo qual foi o meu maior problema aqui, acho que sou o tipo de pessoa que sofre demais. Aqui as pessoas acabaram comigo, sugaram a minha alegria e a minha esperança, fizeram o ar ser pesado demais para respirar e então acabei por perder todas as minhas forças, ao ponto de já não ser capaz de me levantar pelas manhãs e encarar o mundo. Ver pessoas me deixava doente, e até hoje cada vez que me cruzo com uma adolescente sinto como se eu fosse uma vaca entrando num matadeiro. Por não dar conta do meu problema com as pessoas, tive que desistir delas para continuar me amando e desejando superar meus problemas para acordar de manhã sem desejar que fosse a hora de dormir.
Eu estou superando. Já não me sinto dessa maneira, agora simplesmente não sinto pois não tenho muita coisa que sentir, mas eu tenho certeza absoluta que o Brasil vai me fazer voltar a me sentir viva, tanto no bom quanto no mau sentido.
No final das contas acabei tomando um rumo nessa postagem totalmente diferente do que eu tinha decidido abordar a um principio. Melhor assim, expressei o que eu realmente gostaria de ter dito e agora sinto que já estou preparada para falar sobre o planejado.
Se tudo correr certo voltarei aproximadamente em novembro para o Brasil e passarei um mês com meu pai e com a minha vó e depois irei definitivamente para Santa Maria.
Sinceramente eu não sei como me sinto, suponho que eu esteja feliz mas assustada em primeiro lugar.
Vou ficar longe da minha mãe por quase um ano, isso é muito tempo pra mim...! Principalmente hoje em dia que estamos tão unidas uma a outra, mas essa separação também pode ser boa para normalizar as coisas e dar um espaço para cada uma, embora morreremos de saudade uma da outra.
Eu sei que devo e que quero voltar, mas tenho certos temores... É um passo muito grande a ser tomado, pois assim que chegar em Santa Maria voltarei a ter uma vida: amigos, família, escola, preocupações, festas... Terei que ser responsável e ter uma vida social ao mesmo tempo, e isso é o que me amedronta. Já não sei se consigo ser responsável, se ainda sei estudar tanto quanto se todavia sou capaz de saber me relacionar com as pessoas e disfrutar realmente como sempre fiz. Ambas coisas serão um grande desafio para mim, caso não dê conta dos estudos, ficarei perdida e assustada com o meu futuro, caso não consiga me divertir com as pessoas sem me sentir estranha, ficarei frustrada e com medo de não "me recuperar".

Estou esperançosa, tudo vai acabar bem.

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