Iaiá

São 7:45 da manhã e eu acabo de acordar com as minhas pernas e garganta totalmente doloridos. De noite o quarto tava tão quente que eu pensei que não precisaria da toalha rosa felpuda pra me tapar, até que acordei nesse estado: morrendo de frio e chutando os ferros do beliche.
Só agora que estou escrevendo aqui consegui parar de chorar, porque a segunda coisa que fiz ao acordar foi começar a chorar como se eu fosse não conseguir parar. Obviamente que quando me dei conta de que não conseguiria parar e se ficasse ali iria só acordar todos, resolvi vir pra sala escrever no meu blog.
Essa noite eu tive um pesadelo horrivel. Misturou os meus amigos, meu antigo colégio no Brasil, meu tio João e minha tia Marly... Mas o tema principal do sonho foi a Iaiá.
O sonho tem um significado muito real na vida cotidiana, talvez seja por isso que eu fiquei tão emocionada... Sonhei que a Iaiá não podia mais caminhar, até as pernas dela estavam diferentes, então em todo lugar que ela queria ir eu pegava ela no colo e ia levando ela. E eu sentia como se ela não estivesse feliz nunca, mesmo que eu estivesse carregando ela para todas partes e tentando deixar ela feliz. Ela sempre queria se levantar e caminhar, e ela fazia isso algumas vezes, mas com muita dificuldade e resistencia. E não importa quantas vezes eu levasse ela pra lá ou pra cá, ela não ficava feliz. Eu acho que é porque aonde quer que eu levasse ela nós estavamos de alguma maneira... Sozinhas.
Quando levei ela pra um lugar lá que tinha uma mini tv, coloquei ela deitada em uma superficie que tinha uns trapos por causa das pernas, para assim poder assistir a tv. Então chegavam as crianças e ficavam com ciumes, achando que ela era a privilegiada e iam embora.
No meu sonho ela tinha meio que um espirito de criança, tanto que quando ela via as crianças era o único jeito dela ficar feliz. E foi assim o sonho inteiro.
Então eu acordei no fim do sonho quando a Iaiá estava com umas crianças e eles estavam se apresentando. Um dos garotos apontou para uma garota, a ultima da fila vertical e disse: Ela está morta. A garota olhou e começou a ficar encarando com cara muito má, com um copo no olho e talvez algum brinquedo mais.

Nesse mesmo instante eu acordei e senti minha garganta doer. Percebi que estava com frio e que tinha as pernas cheias de roxos. Pensei e comecei a choraradeira. Logo me levantei imediatamente pra ir no banheiro, voltei pra cama, sabia que não conseguiria ficar ali e dormir mais, então sabia que teria que vir aqui pra registrar essa droga dessa noite.

One thoughts on “Iaiá

  1. oi naty,
    muito chato esta história da tua avó.
    espero que ela se recupere.
    o livro sobre o qual você postou (a cidade dos deitados) está aqui em casa (eu não dei ainda de presente), portanto um dia você vai poder ler ele.
    tudo de bom para ti.
    guina

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